quarta-feira, 27 de julho de 2016

Uso indiscriminado de álcool e outras drogas eleva os riscos de acidentes de trabalho

Hoje, 27 de julho, é o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
O que as empresas podem fazer? 


                 O uso de substâncias químicas traz inúmeras consequências aos indivíduos, seja no aspecto físico, emocional ou social, e está relacionado a diferentes fatores presentes na sociedade, como acidentes e violências. Neste contexto, antes mesmo que as drogas invadam o ambiente de trabalho, as empresas têm um papel primordial na prevenção e combate ao uso indiscriminado. Orientações e auxilio ao funcionário são essenciais, aumentam as chances na busca e sucesso do tratamento e, consequentemente, contribuem na manutenção da abstinência.  
           Quando se trata de prevenção, Aracélis Canelada Copedê, diretora geral da Clínica de Recuperação Nova Esperança, ressalta a importância de abordar questões sobre o uso, abuso e dependência de drogas, principalmente o álcool, dentro das empresas. “ Ao fazer uso abusivo do álcool, mesmo não estando alcoolizado no momento da execução das funções, a produção do trabalhador diminui e os efeitos da intoxicação vão estar no seu organismo, o que chamamos de ressaca, que é um dos principais motivos dos inúmeros acidentes, já que nesses casos a coordenação motora é afetada”.
          Silvana de Jesus Steff, assistente social e psicóloga da Nova Esperança, alerta que os indivíduos que fazem algum tipo de uso podem apresentar menos produtividade, irritabilidade e agressividade no relacionamento com os colegas, descumprimento de prazos e metas, atrasos e faltas, gerando assim desgastes no ambiente profissional. É importante também diferenciar os indícios de uso, que pode ser experimental, esporádico ou frequente, ou abuso e dependência. 
               Dados do INSS mostram que, entre 2007 e 2013, dos 5 milhões de acidentes de trabalho, quase 3 milhões foram considerados acidentes típicos, 668 mil foram acidentes de trajeto e 128 mil doenças. Já os outros 1,2 milhão tiveram as causas ignoradas. 
              Considerando que as decorrências oriundas do uso, abuso ou dependência de drogas podem afetar diretamente a vida profissional e diante dos dados da pesquisa, é importante esclarecer que, normalmente, os sintomas e as causas não são associados ao uso de substâncias químicas. Sendo assim, a relação entre as drogas e os acidentes pode ser mais ampla do que imaginamos. Uma vez que o preconceito e a negação da doença dificultam a busca por tratamento, informações acerca da dependência química e todos os fatores que a envolvem são essenciais para quebrar as barreiras dentro das empresas, contribuindo assim para a implantação e sucesso de programas de prevenção e combate ao uso de drogas.

Uso indiscriminado de álcool e outras drogas elevam os riscos de acidentes de trabalho

Hoje, 27 de julho, é o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
O que as empresas podem fazer? 


                 O uso de substâncias químicas traz inúmeras consequências aos indivíduos, seja no aspecto físico, emocional ou social, e está relacionado a diferentes fatores presentes na sociedade, como acidentes e violências. Neste contexto, antes mesmo que as drogas invadam o ambiente de trabalho, as empresas têm um papel primordial na prevenção e combate ao uso indiscriminado. Orientações e auxilio ao funcionário são essenciais, aumentam as chances na busca e sucesso do tratamento e, consequentemente, contribuem na manutenção da abstinência.  
           Quando se trata de prevenção, Aracélis Canelada Copedê, diretora geral da Clínica de Recuperação Nova Esperança, ressalta a importância de abordar questões sobre o uso, abuso e dependência de drogas, principalmente o álcool, dentro das empresas. “ Ao fazer uso abusivo do álcool, mesmo não estando alcoolizado no momento da execução das funções, a produção do trabalhador diminui e os efeitos da intoxicação vão estar no seu organismo, o que chamamos de ressaca, que é um dos principais motivos dos inúmeros acidentes, já que nesses casos a coordenação motora é afetada”.
          Silvana de Jesus Steff, assistente social e psicóloga da Nova Esperança, alerta que os indivíduos que fazem algum tipo de uso podem apresentar menos produtividade, irritabilidade e agressividade no relacionamento com os colegas, descumprimento de prazos e metas, atrasos e faltas, gerando assim desgastes no ambiente profissional. É importante também diferenciar os indícios de uso, que pode ser experimental, esporádico ou frequente, ou abuso e dependência. 
               Dados do INSS mostram que, entre 2007 e 2013, dos 5 milhões de acidentes de trabalho, quase 3 milhões foram considerados acidentes típicos, 668 mil foram acidentes de trajeto e 128 mil doenças. Já os outros 1,2 milhão tiveram as causas ignoradas. 
              Considerando que as decorrências oriundas do uso, abuso ou dependência de drogas podem afetar diretamente a vida profissional e diante dos dados da pesquisa, é importante esclarecer que, normalmente, os sintomas e as causas não são associados ao uso de substâncias químicas. Sendo assim, a relação entre as drogas e os acidentes pode ser mais ampla do que imaginamos. Uma vez que o preconceito e a negação da doença dificultam a busca por tratamento, informações acerca da dependência química e todos os fatores que a envolvem são essenciais para quebrar as barreiras dentro das empresas, contribuindo assim para a implantação e sucesso de programas de prevenção e combate ao uso de drogas.

domingo, 26 de junho de 2016

Dia Mundial de Combate às Drogas: MAIS OU MENOS DROGAS LEGALIZADAS?

Legalizar ou proibir as substâncias que fazem mal à saúde?

O questionamento acima sintetiza a lambança na qual estamos mergulhados. Qual é o critério que justifica o Estado utilizar seu poder de polícia para controlar ou coibir algum comportamento humano? Antes de responder, outra questão: Por que o estado não proíbe a comercialização de alimentos que sabidamente fazem mal à saúde humana? Isto é, por que é legal produzir e vender salgadinhos, biscoitos, doces, refrigerantes, etc. recheados de substâncias nocivas à saúde? Não há uma resposta lógica para esta questão, porque o critério neste caso não tem a ver com saúde/doença. 

Se a interferência (com poder de polícia) do Estado fosse baseada nesta lógica da saúde, seria algo assim:

- Todas as substâncias que fazem mal à saúde são proibidas, e quem as produzir, comercializar ou consumir estará sujeito às penas previstas em Lei.

Ou assim:

- O Estado não interfere com seu poder de polícia neste assunto, pois todos os indivíduos capazes têm o direito de escolher seus comportamentos e consumos, determinando seu grau de saúde ou doença. 

Neste caso, o Estado atuaria com seu poder de educador, fornecendo informações e meios para os cidadãos decidirem seus consumos. Mas, se todos os maus alimentos e todas as drogas fossem legalizados, as pessoas com menor poder de discernimento (crianças, adolescentes, deficientes mentais...) iriam poder utilizá-los em maior quantidade, e o Estado teria que se haver com o aumento dos problemas de saúde pública. A não ser que, utopicamente, as famílias desenvolvessem seus mecanismos de proteção aos seus membros mais frágeis.

É evidente que os critérios que nossa sociedade utiliza para liberar (legalizar) ou proibir determinado produto não são escolhidos pelos responsáveis pela Saúde desta mesma sociedade. Na verdade, em uma sociedade complexa como a nossa, não há uma cabeça pensante que raciocina, pondera, reflete e escolhe critérios, determinando o que é aceito ou não em relação a um determinado comportamento. São os percursos históricos, somatórias de diversas escolhas, feitos por todos que contribuíram com a abertura e conservação de suas opções, sem terem consciência coletiva do que estavam fazendo, certamente guiados por propósitos diversos, é que marcam e delimitam tais caminhos sociais.

Se teremos mais ou menos drogas legalizadas no futuro será determinado pelas intervenções do conjunto dos agentes que se envolveram no passado e dos que estão envolvidos agora nesta questão.

José Leão de Carvalho Jr.

domingo, 15 de maio de 2016

Codependência, a família do dependente químico também adoece.

A participação da família no tratamento é essencial para a recuperação do paciente.

Quando se fala em dependência química, entendemos que é uma doença que afeta o indivíduo nos aspectos físico, emocional e social e, por isso, necessita de uma abordagem multidisciplinar. Trata-se de uma doença contagiante e, ao afetar os familiares, faz com que os mesmos adoeçam junto com o dependente, adotando comportamentos que podem, inclusive, contribuir para o uso, abuso e dependência de substâncias químicas. Sendo assim, é uma doença que não pode ser abordada sem considerar o contexto familiar.
 
A codependência, a doença da família, tem base nos comportamentos inadequados que surgem nos lares quando as drogas estão presentes. Carla Cristina Cabral, psicóloga da Clínica de Recuperação Nova Esperança, afirma que as atitudes codependentes aparecem nas relações familiares por meio de diversos tipos de sofrimentos, como dores emocionais e adoecimentos físico e psíquico. Sendo assim, o ambiente familiar adoece e, por esta razão, necessita de tratamento, assim como o dependente químico.
 
Considerando a importância da participação da família no tratamento da dependência química, na Clínica Nova Esperança, os familiares também são atendidos e recebem uma atenção especial. O Programa de Apoio à Família tem a função de prestar informações e orientações aos familiares com o intuito de prepará-los de maneira que possam contribuir de modo mais eficaz no tratamento dos pacientes, inclusive, evitando recaídas. As atividades, dentro do programa, incluem de seminários, grupos terapêuticos e grupos de apoio.
 
“A adesão da família ao programa de tratamento é um fator contribuinte importantíssimo para a recuperação”, ressalta a diretora geral da clínica, Aracélis Canelada Copedê. O atendimento aos familiares inicia desde o momento em que eles procuram informações, ocasião na qual já são orientados, até mesmo, a como abordar o paciente para trazê-lo à clínica.
 
A dependência química, uma doença que apresenta sintomas complexos e ocasiona mudanças comportamentais, pode gerar preconceito por parte da família, dos pacientes e da sociedade como um todo, o que, na maioria das vezes, dificulta a aceitação e a procura por tratamento. É por meio das informações sobre as características da dependência química que os familiares vão compreender e aceitar que o seu familiar tem uma doença.
 
Convivendo diariamente com dependentes químicos e suas famílias, Copedê salienta que a educação deve ser levada em consideração antes do nascimento. Gestantes, crianças e adolescentes, até os 18 anos, não deveriam usar álcool em nenhuma hipótese. Depois da maioridade, seria um uso consciente das consequências. A melhor maneira de combater o álcool e outras drogas é a prevenção.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

A Importância da Enfermagem no Tratamento da Dependência Química

O enfermeiro tem papel fundamental, pois acompanha todo o processo de recuperação.
 
Conceituada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um transtorno bio-psico-social, a dependência química é uma doença comportamental que pode ser causada tanto por drogas lícitas (álcool, medicamentos) como ilícitas (maconha, cocaína, crack, ecstasy, entre outras).
 
Devido às características da doença, é preciso abordagem e tratamento multidisciplinares. E o profissional da Enfermagem, nesse contexto, tem papel fundamental, pois acompanha todo o processo de recuperação, começando pela desintoxicação, passando pela complexa fase de abstinência, questões físicas e emocionais, entre outras.
 
Sendo assim, para que a sua função seja exercida de maneira correta e a assistência aos pacientes seja eficaz, adequada e humana, o profissional precisa superar qualquer preconceito existente, devido ao seu importante papel de educador em saúde. “Reconhecer o outro como sujeito é uma imposição para quem deseja exercer a assistência ao usuário de drogas”, afirma Marcelo Antocheski, enfermeiro da Clínica Nova Esperança.
 
A Enfermagem é uma profissão com amplas possibilidades de acesso aos indivíduos envolvidos com substâncias químicas. Estar presente em todas as fases do tratamento é o que caracteriza a importância da inclusão do enfermeiro nas estratégias de enfrentamento. Segundo Antocheski, indivíduos que fazem uso de drogas tendem a desenvolver múltiplos problemas físicos, como emagrecimento precoce, destruição cartilaginosa nasal, entre outras complicações.
 
Por esta razão, o conhecimento dos profissionais da enfermagem sobre o assunto facilita o enfrentamento dos pacientes durante o tratamento, uma vez que durante a recuperação há um difícil período de abstinência, fase em que a falta da droga pode causar alterações de humor, podendo levar o paciente a desistir do tratamento.
 
Ao atuar com dependentes químicos, o enfermeiro deve praticar modos de cuidar que sejam resolutivos, sem perder a característica humana no processo. Na escuta de histórias de vida que são relatadas, por exemplo, o enfermeiro é capaz de reconhecer os problemas relacionados ao uso de drogas, bem como realizar o acolhimento e sensibilização.
 
Diante de todas as complexas questões envoltas no fenômeno das drogas, a identificação dos princípios que norteiam as concepções dos enfermeiros é fundamental, pois permite a análise e compreensão de sua atuação diante do problema.
 
 
Perfil dos pacientes ao longo dos anos
 
Nos 27 anos de história, a Clínica Nova Esperança já atendeu 5550 pacientes, apenas na modalidade de internamento. Nos primeiros oito anos, os pacientes eram dependentes de uma única droga, ou no máximo, de duas: álcool e cocaína, normalmente. No período de 1994 para 1995, a instituição começou a receber pacientes usuários de crack. A partir do final dos anos 1990 e início do século XXI, a idade dos dependentes químicos passou a ser cada vez menor. “Já recebemos pacientes muito comprometidos até com 12 e 13 anos”, conta Aracélis Canelada Copedê, diretora geral.
 
Atualmente, o perfil é outro: a maioria é dependente de múltiplas drogas. Com o advento do crack, a estrutura física da Clínica teve que ser remodelada. Sendo assim, hoje, lidamos com uma população mais agressiva e com síndrome de abstinência mais dolorosa, o que interfere no relacionamento e na convivência entre pacientes e profissionais, em especial da Enfermagem.
 
 
Informação e educação como formas de combate
 
Cerca de 10 a 15% da população mundial nasce com uma predisposição a desenvolver a dependência química, uma doença que não diferencia gênero, classe social, nem raça. Os problemas decorrentes do uso indiscriminado de drogas estão bastante notórios, com efeitos e consequências se alastrando por diferentes fatores na sociedade. Para compreender a dimensão do problema, é preciso que o tema seja mais abordado e discutido, para levar informações para as pessoas sobre o real risco das drogas, diminuindo assim o preconceito e contribuindo com a questão da reintegração dos dependentes químicos na sociedade. É um desafio que não cabe somente aos profissionais da enfermagem, mas sim a toda a sociedade.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Álcool e outras drogas nas escolas: um desafio para a educação

Para combater o problema, a informação é uma ferramenta primordial.
 
 
O ambiente escolar não é um lugar restrito apenas ao ensino dos conteúdos programados das disciplinas. Por ser um espaço de convivência, a atuação da escola envolve também a formação dos estudantes como seres humanos em diferentes aspectos. É neste contexto que entra em cena o papel multidisciplinar dos professores no desenvolvimento das crianças e adolescentes, seja na questão educacional, familiar, emocional, social, de valores ou outras.
 
Quando o problema do álcool e outras drogas bate na porta das escolas, é preciso um trabalho em conjunto, envolvendo instituição, família, profissionais de saúde mental e comunidade, para evitar que a responsabilidade caia apenas em uma das partes. Ao longo dos anos, o uso e abuso de substâncias químicas vem aumentando drasticamente e acontecendo cada vez mais cedo na vida dos indivíduos. Esse uso indiscriminado de drogas envolve diferentes fatores, sejam políticos, sociais, psicológicos, profissionais ou educacionais.
 
Visto que os professores têm forte influência no desenvolvimento de comportamentos e posturas dos estudantes, o ambiente educacional representa um lugar privilegiado para o desenvolvimento de ações preventivas, já que o aprendizado adquirido na escola influencia o aluno em outros contextos. Mas, para isso, é preciso que os profissionais estejam preparados para lidar com a dimensão da questão.
 
A psicóloga e assistente social da Clínica de Recuperação Nova Esperança, Silvana de Jesus Steff, destaca a ansiedade por parte dos educadores, que abrange pontos pessoais dos mesmos e, às vezes, sentimento de culpa, e a falta de abordagem do tema nos cursos de formação, já que as substâncias químicas afetam a sociedade de maneira geral.
 
Diante da dimensão do problema, o psicólogo Adriano Soares Amaro, que também faz parte da equipe terapêutica da Nova Esperança, ressalta a importância da informação sobre os efeitos e consequências do uso e abuso de drogas. Considerando a negação e o preconceito como vilões que dificultam ações preventivas e de combate, o conhecimento se torna essencial para que a sociedade discuta e aborde o assunto com mais frequência. “A repressão não traz os resultados esperados. Então, a melhor maneira de lidar com o problema é a prevenção”, expõe.
 
Mudanças comportamentais, faltas, baixo desempenho e abandono escolar, podem estar relacionados ao uso de drogas, segundo Steff. O educador, por sua vez, pode contribuir incentivando a reflexão e adotando medidas na própria instituição, em conjunto com os demais setores envolvidos, e atuando diretamente com seus alunos na sala de aula.
 
A abordagem com os estudantes deve ser feita de maneira não discriminatória, mas sim protetiva. Uma das alternativas para lidar com a situação é a promoção de diálogos afetivos, ou seja, a abertura de espaço para que os alunos falem sobre suas emoções. O processo de prevenção não envolve apenas o assunto propriamente dito, mas também considerações sobre comportamentos, valores, planos e a vida como um todo.
 
A psicóloga salienta que é preciso identificar os fatores de risco de cada instituição, ou seja, as circunstâncias sociais ou características que deixam a pessoa mais vulnerável a assumir comportamentos arriscados, como o uso de drogas. Há também os fatores de proteção, que equilibram as vulnerabilidades, fazendo com que a pessoa tenha menos chance de tomar determinadas atitudes. Os fatores de risco e de proteção estão na própria pessoa, família, amigos, escola, trabalho, comunidade e sociedade em geral. Para reconhecê-los, é preciso, antes de tudo, ter conhecimento sobre a realidade e história de cada estabelecimento. “Para combater o problema, é preciso utilizar os fatores disponíveis a favor do contexto”, afirma Steff.
 
Aracélis Canelada Copedê, diretora geral da Clínica, chama atenção para a permissividade da sociedade em relação ao uso do álcool, que envolve comportamentos e hábitos culturais, além de ter grande aceitação social. “Cerca de 10 a 15% da população mundial nasce com uma predisposição genética a desenvolver a dependência química. Como ainda não existem exames que possam identificar essa condição, a prevenção é muito importante para que as próximas gerações se formem de maneira mais consciente”, ressalta.
 
Os dados mais recentes, da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2012) do IBGE, mostram que 66% dos escolares de 13 a 15 anos já haviam experimentado álcool, sendo que o indicador foi maior na Região Sul (76,9%). 21% dos escolares já tiveram episódios de embriagues e novamente a Região Sul se destaca, com 27,4% do total. 7,3% dos escolares já fizeram uso de alguma droga ilícita, tendo os maiores índices nas Regiões Centro-Oeste (9,3%) e Sul (8,8%). 2,6% dos escolares de 15 anos que usaram drogas, experimentaram a substância antes dos 13, sendo que 4,4% desse total são da Região Sul, o maior percentual.
 
Diante da preocupante realidade que os dados mostram, a equipe terapêutica da Nova Esperança, que se dedica ao tratamento da dependência química há mais de 27 anos, garante que quanto mais cedo prevenir, melhor. É preciso encontrar novos caminhos para evitar que as drogas invadam o ambiente escolar.

terça-feira, 8 de março de 2016

Dia Internacional da Mulher: a Sensibilidade Feminina Ameaçada pela Dependência Química

Mulheres representam 27% dos pacientes da Clínica Nova Esperança.
 
Hoje, Dia Internacional da Mulher, nada mais apropriado do que falar a respeito do envolvimento das mulheres com o álcool e outras drogas, que vem aumentando a cada dia em meio ao contexto histórico de lutas e conquistas sociais, econômicas e políticas do sexo feminino. Atuando há 27 anos no tratamento da dependência química, a equipe terapêutica da Clínica Nova Esperança percebeu que o envolvimento das mulheres com as drogas começou a partir da década de 1970. “Eram mulheres excepcionalmente alcoolistas ou dependentes de medicamentos, algumas usuárias de maconha e outras poucas de cocaína”, conta Aracélis Canelada Copedê, diretora geral. Quando a clínica foi fundada, as mulheres representavam no máximo 10% dos internamentos. Em 2013, o índice subiu para 20% e, atualmente, elas representam 27% dos pacientes. Outras pesquisas também comprovam o crescimento do envolvimento delas com as drogas. Segundo o Ministério da Saúde, houve um aumento de 30% no abuso de álcool entre mulheres, entre os anos 2006 e 2010. Dados da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), divulgado em 2012, aponta um índice de 54% de dependência de crack entre mulheres, contra 46% entre os homens. O levantamento indica ainda que 40% das usuárias fizeram uso de drogas mais de duas vezes por semana, enquanto 24% dos homens afirmaram o mesmo.

O organismo feminino é mais suscetível aos efeitos do álcool
O índice de consumo de álcool por homens é mais alto, mas, no contexto atual, as mulheres estão caminhando para beber tanto quanto eles. No entanto, o organismo feminino é mais frágil e suscetível aos efeitos nocivos da substância. As mulheres correm mais riscos que os homens na maioria das doenças porque o organismo delas tem níveis menores da enzima (álcool-desidrogenase) que ajuda a metabolizar o álcool ingerido, o que provoca uma concentração plasmática de álcool cerca de 30% mais alta do que em um homem, como explica o médico psiquiatra da Clínica, José Leão de Carvalho Junior. O volume de sangue das mulheres também é menor, sendo assim, a mesma quantidade de qualquer droga ingerida por uma mulher e um homem acarreta uma concentração sanguínea maior na mulher.
Muito se fala no benefício do consumo moderado de bebidas alcoólicas. No entanto, o psiquiatra ressalta que não existe uma quantidade que seja inócua para o organismo, seja para o homem ou para a mulher. O que o álcool provoca é um prazer que, pelo gosto e pelas alterações psíquicas, pode causar relaxamento e sonolência, assim como redução do senso crítico. “Quanto menos beber, melhor. Ou, quanto menos beber, menos pior”, salienta.
As principais doenças causadas pelo álcool e outras drogas, de acordo com o médico, são: demência, depressão, psicoses, distúrbios neurológicos, gastrite, úlcera, câncer de estômago, hepatite, esteatose, cirrose, câncer de fígado, varizes de esôfago, hemorroidas, varizes em membros inferiores, arritmias cardíacas, infarto do miocárdio, impotência sexual (frigidez no caso das mulheres), tromboses, embolias, acidentes vasculares cerebrais, anemia, distúrbios da coagulação, distúrbios imunológicos, diabetes, pancreatites, câncer de pâncreas, entre outras.
Álcool durante a gestação
Se a ingestão de álcool pode prejudicar o organismo, causando inúmeras doenças, o uso da substância por gestantes aumenta drasticamente os riscos. O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode provocar parto prematuro, aborto, morte fetal e deficiências físicas, comportamentais, cognitivas, sociais e motoras. Os danos vão desde disfunções mais sutis até um quadro completo da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), o transtorno mais grave de desordens fetais alcoólicas, que pode ocorrer na criança quando a mãe consome bebida alcoólica durante a gestação, com inúmeras manifestações. Os efeitos da SAF são resultados da interferência na formação cerebral, em especial na proliferação normal e migração dos neurônios que não se desenvolvem completamente em certas estruturas e podem acarretar alterações congênitas, anomalias do sistema nervoso central, retardo no crescimento e prejuízos no desenvolvimento cognitivo e comportamental.

Comportamentos e contexto cultural
Na dependência do álcool, conforme Leão, as mulheres, por serem mais censuradas socialmente, bebem, predominantemente, em casa. Já os homens consomem em público, em bares, com os amigos, voltando para casa embriagados. Normalmente, o uso de álcool e outras drogas pelas mulheres acontece a partir da ocorrência de determinados eventos, como a morte do cônjuge ou uma separação, diferentemente do que acontece com os homens, que não apontam um desencadeamento especial. Na iniciação da cocaína, os motivos femininos passam por depressão, sentimentos de isolamento social, pressões profissionais e familiares e problemas de saúde.
 
As pesquisas mostram que os homens são os que mais consomem substâncias químicas, mas o índice das mulheres está crescendo. Inclusive, “se considerarmos apenas as dependências de medicamentos (principalmente anfetaminas e benzodiazepínicos) as mulheres são maioria”, afirma o psiquiatra.

Para Leão, atualmente, os pais e cuidadores ainda tratam as crianças e adolescentes de maneiras diferentes. O adolescente, normalmente, é até estimulado a consumir drogas (fumar e beber sendo considerados comportamentos masculinos e adultos), já a adolescente é mais contida. “Mas esse aspecto cultural está rapidamente se transformando, pelo menos no ocidente. Por isso, a curva de crescimento do número de mulheres dependentes químicas é mais acentuada que a dos homens. Se não houver mudanças culturais, em breve a proporção de homens e mulheres dependentes deverá se igualar”, afirma.

Diálogo como ferramenta de prevenção
A dependência química é uma doença que afeta de 10 a 15% da população mundial, não escolhe gênero, raça, classe social, nem escolaridade. Os efeitos e as consequências do uso abusivo das substâncias estão evoluindo de maneira drástica ao longo dos anos, afetando diferentes segmentos da sociedade, gerando e agravando doenças e incitando diversas formas de violência e acidente. Diante do modo de vida atual, é preciso que a sociedade discuta mais a respeito do tema para melhor compreender a dimensão do problema, principalmente em relação ao álcool, que tem grande aceitação social e faz parte de questões culturais da sociedade. O diálogo nos ambientes familiar, escolar e profissional ainda é uma das principais maneiras de combater as drogas.